Com excesso
de carga e passageiros o barco Ana Maria VIII naufragou, perto de Manicoré, no
Rio Madeira, matando 61 pessoas. Há quase 15 anos os familiares pedem o julgamento dos culpados, que continuam
impunes e agindo no mesmo barco
A MORTE PEDE
JUSTIÇA
O rio que na Amazônia comanda a vida, mas
nunca tem o sentido ou sentimento de
promover a morte mas, por ironia, quando isso ocorre, nem sempre devolve
os corpos para seus familiares destinarem à local digno na terra. A navegação
são portos de partida e chegada e os barcos representam apenas o instrumento de
mobilidade que não pode ter falhas nos motores e, muito menos,
irresponsabilidade dos seus proprietários ou comandantes na ganância do
faturamento e na avareza da economia assassina.
Os rios da Amazônia têm nomes, possuem
traçados diferentes, calhas maiores ou menores, mas todos permitem uma
navegação tranqüila e segura, sem acidentes ocasionais. Há sempre a culpa
humana nas tragédias, pois até os temporais podem ser evitados, quando se vive
um momento de tecnologia de ponta e equipamentos de elevada eficiência. A canoa
de madeira, pilotada pelos remos do pescador ousado, busca a margem quando as
águas se encrespam e ameaçam. Os barcos maiores devem seguir o exemplo da
prudência e da prevenção e fazer o mesmo.