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segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Lançar um novo jornal no mercado é tão fácil como abrir uma igreja na esquina mais próxima. Manter em circulação, é difícil. A nova igreja precisa apenas do dom da palavra de um pastor e da crença de uma comunidade. O jornal, além da arte da produção, que evoca a inteligência da redação, exige o que a plebe econômica chama de capital de giro ou fluxo de caixa.
Em miúdos: dinheiro na mão, no raciocínio exato de qualquer empresa que se preza.
Um jornal é, no mercado, apenas mais um produto.
O jornal EXTRA é uma unidade da premissa mundial que preconiza a segmentação de noticias e de público como único caminho para a manutenção do jornalismo impresso, contra a informação instantânea do milagre eletrônico.
Fugindo dos leitores convencionais dos jornais de todos os dias, o jornal EXTRA, com limites semanais, resolveu buscar o público da zona Leste de Manaus, uma fatia de 600 mil pessoas, em 38 bairros e maior massa salarial da cidade, resultado lógico da vizinhança com o Distrito Industrial, potencializando a contratação de trabalhadores com baixos custos de transporte.
Levado pela compulsão de fazer, abrimos o jornal há quatro anos, que será completado no mês de julho, sem hesitar diante dos custos, imaginando que seria fácil buscar recursos na publicidade de varejo na comunidade, hoje o maior centro de compras a céu aberto de Manaus.
No raciocínio seria muito fácil, pois não tínhamos despesas com redação e produção gráfica, que ficaram nos meandros domésticos e nem com impressão, pois mesmo com limitações industriais, tínhamos máquinas próprias.
Ocorre que isso é apenas o fio do novelo de demandas no processo de produção e comercialização do produto chamado jornal, na sua caminhada para tornar-se aceito enquanto leitura e rentável enquanto receita.
Entre a produção jornalística e a impressão, há os custos de fotolitagem, papel e chapas e a partir daí, as despesas gerais que aumentam ou estagnam na medida da capacidade de fazer crescer o produto.
O mercado publicitário não responde com a mesma presteza das despesas e existe um momento em que é necessário decidir se pára ou continua, sob a pressão dos boletos bancários batendo a porta, lembrando as contas do papel, chapas, químicas e fotolitos.
O EXTRA, nestes quase quatro anos só não fechou, pelo mesmo motivo que mantem as igrejas abertas: a fé, pois exauridos foram todos recursos disponíveis e o milagre desta fé foi conseguir sobreviver até hoje, no limite do verde das contas depuradas.
A boa aceitação da proposta garantiu venda satisfatória nas bancas, incluindo do centro, e a atenção publicitária que começa a avaliar o jornal como mídia produtiva, o que redobra a certeza do acerto do seu lançamento.
Na busca de qualidade jornalística, já contamos com ótima equipe de repórteres concludentes dos cursos de comunicação e de outros já formados, inclusive os colunistas e uma estrutura de computadores que permitem tranqüilidade e eficiência.
As dificuldades anda estão presentes, mas representam experiências que já não metem medo e nos levam a certeza de que estes quase quatro anos, são apenas o fim do primeiro dia, quando o lançamento de um jornal, num bairro distante, era apenas loucura, com tempo marcado para acabar.

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