RECEITA CONTRA CRISE
Com uma média anual de inflação de 8,79% e a economia
instável, especialistas do Conselho Regional de Economia (Corecon/AM) apontam
medidas para os trabalhadores equilibrarem o orçamento familiar. Entre as
mudanças no orçamento estão a compra mensal de mantimentos para evitar a
surpresa de reajuste nos preços, racionalização das despesas e distanciamento
de empréstimos.
O consultor econômico, Marcus Evangelista, presidente do
Conselho de Economia, disse que os brasileiros estão sendo obrigados a voltar
no tempo em que a inflação aumentava a cada mês e precisam fazer compras
antecipadas para fugir dos reajustes. “Infelizmente, chegamos ao estágio de que
é melhor ir ao supermercado adiantar as compras antes que as maquinetas mudem
os preços dos produtos nas prateleiras, como ocorria na década de 1980.
Contudo, essa compra não precisa ser demasiada, mas necessária para atender 30
dias de consumo. Até porque como a economia está instável, tudo pode
acontecer”, comentou.
Outra dica do economista é racionalizar as despesas e, para
isso, ele sugere que o consumidor fique ciente de todas as receitas e dos
compromissos financeiros do mês. “Assim, é possível ter uma visão do que está
sendo supérfluo e pode ser cortado no orçamento. Normalmente, pequenos gastos
do dia a dia pesam no bolso. No final de 30 dias, veremos que sobrará uma renda
extra para investirmos em lazer como por exemplo”, disse.
Ele acrescentou que, atualmente, existem planilhas
disponíveis na internet para facilitar esse controle. Segundo Evangelista,
optar por comprar itens como legumes e frutas em feiras ou mercados resultam em
economia significativa para o orçamento. “Em feiras, conseguimos esses itens por,
pelo menos, a metade do preço de um supermercado. Você consome mais
gastando menos”, apontou.
Já o vice-presidente do Corecon/AM, Nelson Azevedo,
disse que outra sugestão é não comprometer a renda com financiamentos e
parcelas longas. Ele alerta que alta dos juros dificulta o pagamento de todas
as dívidas assumidas, o que facilita o caminho para a inadimplência. “O
consumidor deve sempre evitar pagar o mínimo do cartão de crédito, pague sempre
o total. Caso isso ocorra, ele deve se programar para não realizar compras até
a próxima fatura”, alertou. Azevedo orientou ainda a não se deixar levar pelas
compras compulsivas. “Deixar o cartão de crédito em casa ou avaliar se vale a
pena adquirir um produto facilita na hora da economia”, completou.
Sem radicalismo
Mesmo com a alta de preços não é necessário cortar
totalmente o lazer, por exemplo, da lista, avaliaram Evangelista e
Azevedo. “Afinal, o brasileiro trabalha duro e merece momentos de descanso”,
disse o presidente do Corecon/AM. Ele aponta que o ideal é dialogar com a
família sobre a situação financeira buscar atividades gratuitas, como passeios
ao ar livre, visitas a bosques, museus, trilhas, ou até mesmo reunião com os
amigos em casa. “Manaus, hoje, têm oferecido muitas feiras e eventos gratuitos
pela cidade. Se o consumidor quiser gastar um pouco mais em um restaurante, ele
pode se planejar com antecedência para isso. O planejamento é essencial”,
concluiu.