segunda-feira, 13 de agosto de 2012



Cartão vermelho
Dauro Braga
É extraordinária a transformação comportamental do povo brasileiro durante o período em que se desenrola a Copa do Mundo. O sentimento de amor à Pátria aflora na personalidade de cada um de nós e se propaga em escala geométrica, tal e qual um potente vírus, contagiando a todos com a febre do patriotismo.
As manifestações de amor à Pátria são visíveis em todos os recantos deste imenso Brasil, desde os rincões mais inóspitos até as grandes metrópoles. Os logradouros públicos, as nossas casas, os nossos veículos e nós mesmos nos engalanamos com adereços pintados com as cores do pavilhão nacional. A Bandeira Brasileira, símbolo maior de nossa Pátria, que deveríamos cultuar todos os dias de nossas vidas, no período em que se realiza a Copa, sai do ostracismo a que é relegada pelo povo brasileiro durante a maior parte do tempo e passa a receber demonstrações de amor incondicional. Nas apresentações da nossa seleção de futebol é admirável vermos os adultos e as crianças entoando o Hino Nacional com a voz embargada pela emoção e em postura respeitável como assim recomenda a regra dos bons costumes.
Agora que estamos nos preparando para sediar a próxima copa do mundo, reascende em nós a esperança de que, haveremos de conquistar mais um título de campeão. No entanto, para que esse objetivo seja alcançado, precisamos corrigir os erros do passado, e escolhermos entre inúmeros jogadores que se apresentam para o embate ,  aqueles que, são os melhores para compor a nossa seleção.
No presente ano, teremos eleições para a escolha de prefeito e vereadores de nossa cidade. Entendo que, esse grande evento cívico se reveste de importância ainda maior que o outro, pois se o outro mexe com as nossas emoções e o nosso sentimento patriótico, a escolha de nosso prefeito e dos membros que comporão o legislativo municipal, mexe com o destino de nossa cidade e de todos nós munícipes, pelo período de quatro anos. A opção de escolher o melhor é inteiramente  nossa. 
Assim como fazemos durante a realização da copa do mundo, também façamos o mesmo agora. Desfraldemos a bandeira do nosso partido, vistamos a camisa dos nossos candidatos, cantemos os hinos de louvor a eles, façamos dessas eleições um grande evento de civismo, uma monumental festa de louvor à Democracia, mas sejamos prudentes e ajuizados quando formos exercer o direito da escolha através do voto.
Na hora de escolhermos os atletas que comporão a seleção política, afastemos o sentimentalismo irresponsável que provoca em alguns casos a troca do voto por pequenos favores ou por promessas vãs de melhores dias. Usemos a razão! Escalemos somente os candidatos que sejam os melhores atletas, de competência administrativa comprovada, que saibam driblar com maestria as dificuldades multinacionais do dia a dia, que joguem para a lateral as bolas da corrupção, que com a cabeça saibam fazer gol de placa com os recursos públicos, aplicando-os corretamente em atividades que tragam reais benefícios aos seus concidadãos.
Esse é o momento certo para abandonarmos a arquibancada onde nos instalamos como meros espectadores e partirmos para o meio do campo, para assumirmos com responsabilidade o duplo papel a que temos direito: de técnico, para escalarmos os melhores que irão participar do jogo e de juiz, para darmos aos incompetentes, aos impatriotas, aos oportunistas e aos falsos profetas o merecido “cartão vermelho”.

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