Presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional denuncia.
A diminuição da oferta do pescado nas feiras, o aumento violento do preço – um tambaqui já chega até a 800 reais -, a queda da qualidade e a absoluta dependência de importação – Manaus já compra peixe de Rondônia e Roraima -, é o resultado da politica omissa do Governo, que não tem diretrizes para organizar o segmento e se perde na interlocução com dezenas de organizações, na ilusão do seguro defeso e nos grilhõe ambientais que proíbem a pesca em quase todo o Estado.
Este quadro caótico foi descrito pelo armador Pedro Neto, ao assumir a presidência do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional e depois de realizar, com economista, administradores e assistentes sociais, um levantamento da situação da atividade no Amazonas, da fonte da captura até as bancas da feira, constatando que a atividade faliu, a pesca é uma ilusão e que o produto se tornará cada vez mais raro na mesa do consumidor.
“Antigamente o peixe era comida de pobre, hoje é produto de banquete e peça especial nos restaurantes a preços altos” aponta Pedro Neto, explicando que a transformação do Amazonas numa grande reserva ecológica impede a pesca que era feita pela frota de barcos, enquanto as exigências ambientais, que são maiores para o Amazonas, tornam inviáveis a escavação de tanques para a criação do pescado. “Os armadores de pesca estão desistindo da atividade e preferem comprar o peixe nos portos dos pequenos pescadores” admite Pedro Neto.
A riqueza dos armadores, o dinheiro solto dos despachantes agora são coisas do passado e o peixe mal dá para os feirantes, devido aos preços elevados, graças à importação de outros Estados, o que é um absurdo na maior bacia hidrográfica do mundo, raciocina Pedro Neto, para apontar os principais erros deste processo de erosão da atividade: 1- O excesso de representação que não tem função econômica e social voltada para os pescadores e para o sistema. 2- A distancia entre os recursos oferecidos e a capacidade técnica de acesso via projetos de extensa exigência burocrática. 3- O desperdício que é excessivo por falta de logística e estrutura de pesca, desembarque, comercialização no atacado e varejo, ausência de terminais próprios e equipamentos. 4 – dificuldade de colocação do produto na mesa do trabalhador devido ao preço e a estrutura de distribuição.
A precupação do profissional da pesca aumentou porque ele assumiu a presidência do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional e observa a queda do estoque de alimentos pela pesca que deveria ser no Amazonas a maior fonte.
“O sistema está falido. Existem entidades representativas demais e muitos pescadores inscritos par o Seguro Defeso e pouco peixe” argumenta Pedro Neto, do alto da autoridade de ter a vida como pescador, com frotas de barcos, nos movimentos de pescadores e associações de caráter social, além de participar permanentemente dos debates sobre a questão.
“É hora de parar com este carnaval, discutir o tema com seriedade, distribuir funções com obrigações claras de resultados e refazer o processo produtivo do pescado, beneficiando quem deve ser beneficiado, ou seja o pescador numa ponta e o consumidor na outra” afirmou.
Pedro Neto mostra a falência do pescado, desde sua origem explicando que a pesca original que era de tambaqui e tucunaré com flecha, linha e zagaia nos lagos, agora é restrito a peixes pequenos . “A pesca maior está sendo feita com rede e malhadeira e isso significa a captura de peixes fora do tamanho de comercialização o que acaba com o estoque das águas” aponta. Pedro Neto afirma que agora os donos de barcos pescam viajando e ainda tem a concorrência de indústrias que mantém a compra em flutuantes estrategicamente distribuídos nas regiões, diminuindo o potencial do peixe como alimento nas feiras.
“O sistema está falindo: há barcos recolhendo peixe para indústrias, os recreios transportam peixe junto com passageiros, os barcos estão sucateados e na maior parte dos rios é proibido pescar” denuncia, lembrando que esta exigência é absurda porque dono de barco não polui, mas leva a culpa.
REDE FURADA
O pescador Pedro Neto, dirigente do Sindicato dos Armadores e de pesca avisa há duas ferramentas oferecidas aos profissionais, mas totalmente inócuas: 1- o chamado kit pescado e, 2- O chamado Plano Safra que oferece milhões, mas não tem orientação técnica e nem instruções de montagem dos projetos.
O Kit pescador não garante suprimento de pescador e o Plano Safra é ilusão quando nem os bancos e nem o IDAM tem técnicos suficientes para a criação dos projetos de acordo com as exigências que levam a aprovação. Pior, a visa o dirigente tem gente recebendo dinheiro em nome de terceiros.O dinheiro circula, mas o peixe não aparece.
SEM FINS SOCIAIS
Uma das dificuldades no ciclo de produção e comercialização do pescado, segundo Pedro Neto é o excesso de entidades que, no entanto, não garantem benefícios e nem proteção ao pescador e muito menos tem interesse em construir um projeto de abastecimento completo, desde a profissional do pescador, condições de trabalho, comercialização justa, retorno de lucratividade e, na ponta do consumo, garantia de qualidade do produto.
Pedro Neto cita, como exemplo, o frigorifico que foi cedido pelo Governo do Estado à Fepesca que, segundo ele, só serve para vender gelo de forma dirigida, sem beneficio para o pescador e muito menos nem atender o consumidor. “Foi dado o prédio, dois milhões para recuperação, mas não há retorno” garante.
A VERDADE NO ANZOL
Um levantamento completo da situação da captura do pescado e do ciclo de colocação do produto na mesa do consumidor foi feito por Pedro Neto, com apoio de administradores e economistas e o documento está pronto pra ser debatido em Assembleia, reunindo todos os interessados, incluindo organismos governamentais, par estabelecer soluções adequadas, ágeis e eficientes.
“Temos o trabalho e a assinatura do administrador de empresa Sebastião Filho e de assistentes sociais e agora queremos um debate, dentro da realidade da atividade” avisou.
Uma das distorções identificadas no documento é a engrenagem funcional para a habilitação do pescador ao Seguro Defeso, que exige ligação com Coloniais, através de pagamento e o desembolso destas colônias para Federação. “Grande parte, quase metade, já está dando grito de liberdade” avisa.
COMIDA NA MESA
O Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, que passa a ter o comando de Pedro Neto tem a função de fiscalizar o processo de distribuição de alimentos até a ponta dos mais carentes, aprovar as diretrizes de programas e acompanhar a alimentação que deve ser de qualidade e adequada aos grupos humanos de vários segmentos, que é uma proposta do projeto Brasil Sem Miséria do Governo Federal, ligado à Casa Civil.
“O alimento tem ligação com a oferta de água saudável, com produtos acessíveis e para isso vamos discutir o fornecimento da água em Manaus e observar a ação da CONAB que é o órgão federal que centraliza compras de alimentos pra uma distribuição dirigida por quem mais precisa” avisou Pedro Neto ao iniciar sua gestão com a decisão de interferir para que haja mais comida na mesa do amazonense, com qualidade e saúde.