CADERNOS SEM NOTAS
As crianças
que estudam na zona rural de Rio Preto da Eva (a 79 quilômetros de Manaus)
correm o risco de perder o ano letivo por falta de transporte escolar. A
denúncia, dos moradores do município, foi feita ao presidente da Comissão de
Educação da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM), deputado
Sidney Leite (PROS).
Para o
deputado Sidney Leite, a situação é grave por comprometer o aprendizado das
crianças que moram afastadas da sede do município e precisam do transporte
público. Ele estima que 2 mil crianças terão o ano letivo perdido. “E não para
por ai: os pais dos alunos falam, também, que a notificação da presença está
sendo falsificada. Se isso está acontecendo, certamente notas falsas estão
sendo lançadas também. Isso significa que as crianças podem passar de ano, sem
ter colocado os pés na sala de aula, somente para mascarar dados para que a
Prefeitura de Rio Preto da Eva continue recebendo verbas federais para a
Educação”, afirma.
Esta semana,
em audiência pública realizada na Câmara Municipal de Rio Preto da Eva, a
pedido do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Siserp), os vereadores
denunciaram que a Prefeitura desviou R$ 400 mil de um convênio federal no
valor de R$ 1,2 milhão, para aquisição de quatro ônibus escolares. O prefeito,
disseram os vereadores, afirmou que usou o recurso para a folha de pagamento. A
denúncia já foi apresentada à Polícia Federal.
O deputado
Sidney Leite afirmou que irá encaminhar o caso para conhecimento do Ministério
Público Estadual (MPE), Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (no
caso das denúncias de desvio de recursos federais). “Farei um requerimento à
Secretaria Estadual de Educação (Seduc), para que o transporte seja feito
diretamente pelo órgão, sem que haja repasse de recursos para a Prefeitura de
Rio Preto da Eva”, afirmou.
Os problemas
da Educação na zona rural de Rio Preto da Eva, relatados pelos moradores,
incluem: crianças fora das salas de aula por falta de transporte, ramais que
ficam intransitáveis por causa da chuva, falta de combustível para os veículos,
salas sem cadeiras e falta de monitores para tomar conta das crianças nas
embarcações.
“Nós estamos
numa situação de abandono na zona rural”, disse a moradora Rosimary da Silva.
Ela contou que seu filho, que estuda o 6º ano Fundamental, na Escola Divino
Espírito Santo, só teve três dias de aula, em setembro. “O transporte não passa
nos ramais quando chove. Os alunos ficaram 45 dias sem aula”, reclamou o
morador Francisco das Chagas.
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