quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O programa Fantástico revela testemunhas de acusação de crimes de pedofilia e o CNJ desconfia da lentidão do processo, enquanto o acusado, prefeito Adail de Coari, jura inocência e faz ameaças

 

ESPADAS AFIADAS

O crime da pedofilia que se alastra Brasil a fora e que, segundo a presidente da CPI da Pedofilia da Câmara Federal Erika Kokay, tem sua maior orgia e escândalo no município de Coari, no Amazonas, colocou o Estado na mídia negativa da imprensa nacional, com a denúncia formal feita pelo Fantástico, em duas edições, com o adicional perverso de denúncias contra o prefeito Adail Pinheiro e suspeitas sobre a lentidão da Justiça no julgamento dos processos.

Depois da primeira denúncia o prefeito Adail convocou solenemente uma coletiva e , lépido e fagueiro, jurando inocência, culpou adversários políticos, meteu o dedo na cara do empresário Magalhães, segundo colocado nas últimas eleições e provocou até mesmo a Rede Globo, autora mor das denúncias, anunciando processos da cabeça aos pés, incluindo no rol todos os que emitiram ou veicularam notícias sobre os seus escândalos.

A CPI da Pedofilia da Câmara Federal já deixou claro que todas as suspeitas dos crimes levam ao prefeito Adail Pinheiro, que nem estava no município durante a reunião da Comissão, realizada em Coari, refugiando-se no luxuoso hospital de São Paulo para uma operação não emergência, o que obrigou as senhoras deputadas - Erika Kokay, presidente e Lilian Sá, relatora - a convocá-lo para depor em Brasília, voluntariamente ou sob a Vara da Justiça.


O Prefeito nega qualquer acusação, define-se como um senhor pai de família, evoca a figura da filha de 17 anos que não lhe permite a ousadia deste erro e estrila contra as suspeitas, amparando-se num forte contingente jurídico, para responder, "nas barras dos Tribunais", as acusações que lhe batem à porta diretamente de Coari, com amplificação agora registrada na maior rede de comunicação do País.

Na mesma esteira chega a Manaus uma comitiva do Conselho Nacional de Justiça - CNJ, desconfiando da lentidão dos processos que envolvem o prefeito Adail e faz um furor nos intestinos do Tribunal, revendo o ritual sonolento e disperso do processo, que nunca chegou a uma definição, para ter o julgamento.

Os dois fatos, a reportagem da TV Globo, no seu principal programa jornalístico semanal, e a provocação do CNJ, tiveram efeito imediato, sendo o mais importante a retirada do prefeito da toca para no mínimo dar uma resposta à sociedade e, no máximo, apressar as ações no circuito judicial, reunindo os testemunhos no conjunto do processo, para definir o necessário julgamento que pode inocente ou culpar o referido senhor.

Nem por acaso, apenas para efeito de comparação, um enfermeiro em Manaus, Ronaldo Augusto Ferreira de Souza, 42, do bairro do Japiim, denunciado por práticas sexuais abusivas - e nem foram contra menores - não passou um dia, depois das ditas denúncias, fora da cadeia e já amarga, nas grades, a espera do processo para julgamento.

Se Coari não é Manaus e se prefeito não tem o mesmo grau de culpa, na mesma geografia brasileira e no mesmo eixo de cidadania, pairam as leis que devem ser únicas para o mesmo crime.

Mérito

O jornal Extra tem se debruçado em noticiar este fato baseado sempre em esclarecimentos da direção da CPI da Câmara Federal, de depoimentos de deputados estaduais do Amazonas, como Luís Castro, Marcelo Ramos e José Ricardo, bem como tem relatado o drama dos moradores de Coari diante da morosidade do julgamento do processo no STE, em Brasília, no mérito da cassação do prefeito Adail Pinheiro, por abuso do poder econômico nas últimas eleições.

Todas as informações de Brasília, publicadas por este jornal, tem origem no ritual de provocação do cidadão Joel, de Coari, que chegou a se acorrentar nas grades do STE, durante meses, para exigir o julgamento, e do advogado Flávio Brito Junior que vem acompanhando o caso, passo a passo, para acelerar o regimento da tramitação do processo de cassação, até a pauta de julgamento.

Nenhum comentário: